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A diferença entre um empreendedor e um pequeno empresário

Hoje, trouxe para você a tradução de um artigo de Gene Marks, colunista do site da Forbes, New York Times e The Huffpost. Ele conta, através da sua própria história de vida, o que considera ser a diferença entre em um empreendedor e um pequeno empresário.

O texto é longo, mas vale muito a leitura! A tradução você confere abaixo:

"Quando eu era uma criança, crescendo no final dos anos 1970 e começo dos anos 1980, I costumava perguntar ao meu pai o que ele fazia da vida. E todas as vezes, ele me respondia o mesmo: "eu sou um empreendedor", ele costumava dizer, com orgulho. "Procure o significado", e eu procurei. O dicionário definia um empreendedor como "uma pessoa que organiza e gerencia um empreendimento, especialmente um negócio, normalmente com considerável iniciativa e risco". Meu pai estava certo - ele era um empreendedor. Um bem ruim nessa área.

Ele levantou verba de investidores e, por anos, trabalhou dentro de sua casa (e isso foi antes de trabalhar em casa ser aceitável), onde ele supervisionava alguns programadores desajustados e peculiares que trabalhavam em horas estranhas, desenvolvendo uma aplicativo de contabilidade baseada em uma patente que carregava seu nome. Até que o dinheiro acabou. E quando isso aconteceu, ele pegou seu produto ainda inacabado para o mercado, onde ele sofreu com um projeto penoso atrás do outro. E (é claro), ele programou o lançamento do seu produto exatamente no dia que a empresa Intuit lançou uma iteração de QuickBooks, que era infinitamente melhor, mais rápida, confiável e barata que o dele.

Eu sei de tudo isso em primeira mão porque, em 1994, eu larguei meu trabalho, fundei minha própria empresa e me tornei sócio dele. Por seis anos, eu também tive dificuldades para vender e implementar aquele software de contabilidade horrível, incompleto e de design ruim. Felizmente, o "bug" ocorrido no ano 2000 nos tirou da miséria,tornando o software inviável. Nós fomos forçados a mudar de direção e revender softwares produzidos por outras empresas. Desde então, eu tenho conseguido fazer algo que meu pai nunca fez: gerar lucros.

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"Eu sou um empreendedor", meu pai costumava me dizer. Ok. Meu pai era um empreendedor. Só não era um muito bom. Eu aprendi muito com isso. Minha empresa cresceu para uma equipe de 10 pessoas. Nós agora revendemos cinco aplicativos de gerenciamento de relacionamento com o cliente e prestamos serviços para ajudar nossos clientes a usá-los da melhor maneira. Nós somos lucrativos. Eu não sou como meu pai. Eu sou dono de um negócio. Eu não sou um empreendedor.

Isso porque empreendedores correm riscos. Riscos muito maiores do que pequenos empresários como eu. Diferente do meu pai, eu não levantei verba de investidores externos, nem trouxe sócios. Eu não operei por uma década sem receita. Eu não apostei minha fazenda em um único produto ou, como ele costumava chamar.. "O grande produto". Eu não corro riscos. Eu não sou um sonhador. Quando eu faço um investimento em um novo produto ou tecnologia, é sempre um que posso perder sem sentir. Minhas apostas são pequenas. Eu penso pequeno. Então, meu retorno é pequeno. Eu sou dono de um pequeno negócio. Eu sou um pequeno empresário. E estou bem com isso.

Empreendedores não estão satisfeitos com o status quo. Como meu pai, eles estão sempre pensando no próximo passo, no próximo projeto. Eles gostam de ação. Eles prosperam no caos. Eles tem suas mãos em vários projetos. Por isso é tão comum ouvirmos que eles falham em várias empresas até obterem sucesso em uma. Eu não sou assim. Eu só consigo me concentrar em uma coisa de cada vez. Eu não faço malabarismos. Eu odeio perder. Eu evito o fracasso. Eu sou super controlador. Eu gosto de saber o que será meu almoço daqui a 3 dias. Eu prefiro fazer investimentos apenas depois de ter certeza sobre um possível retorno do meu dinheiro. Eu protejo minha conta bancária como se fosse um filho. Eu estremeço quando tenho que assinar cheques gordos e fico saciado com um desses entra na conta. Isso tudo porque eu sou um pequeno empresário, não um empreendedor.

Empreendedores são técnicos. Mais técnicos do que empresários como eu. O maior orgulho do meu pai foi sua patente. Era um processo de contabilidade que ninguém havia pensado antes. Ele explicou para mim centenas de vezes, mas até hoje eu não consigo entender completamente. Isso porque eu não sou técnico como meu pai era. Pessoas como ele amam invenções, ciência, novas tecnologias e novas formas de mudar o mundo. Pessoas como eu estão mais interessadas em margem de lucro, projeções de receita e custo de apoio. Ele amava ler livros sobre o Atlantis, vida após a morte e computadores. Eu estou atualmente lendo 50 Tons de Cinza (e, por mais vergonha que tenha de admitir, estou gostando!). Assim como eu, meu pai era um Contador Público Certificado. Diferente de mim, ele era realmente bom nisso. Ele adorava números. Como vários empreendedores que conheci, ele teria sido o exemplo citado em aulas de faculdade. E eu teria sido a criança da classe, o futuro empresário, contando os minutos para o happy hour.

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Empreendedores e empresários têm relações diferentes com suas empresas. Empreendedores as veem como ativos. Algo a ser desenvolvido, formulado e feito para o mercado. E depois vendido como lucro para que eles sigam em frente para o próximo "grande produto". Empresários são mais sentimentais sobre suas empresas. Frequentemente, ela foi a empresa do seu pai ou avô. A empresa é uma parte da família, um lugar onde os filhos trabalharam no verão ou o lugar onde você encontra o avô ficando até tarde numa noite de quarta-feira. Os vizinhos conhecem. É parte da comunidade. É a vida do pequeno empresário, sua aposentadoria, o reflexo da sua vida. Não é um ativo. É história. E essa não é a atitude de um empreendedor. Mas não quero dizer que empreendedores não sejam apaixonados pelo que fazem. Eles são!

Na verdade, a maioria dos empreendedores que conheço preferem paixão do que lucro. Você nunca tem a impressão de que caras como Mark Zuckerberg, Reed Hastings ou Jeff Bezos fizeram o que fizeram por dinheiro. Não que eles não gostem, mas empreendedores estão aí para mudar o mundo. Eles amam o que fazem e o fariam por muito, muito menos. Empresários, por outro lado, não necessariamente amam o que fazem, mas estão felizes em fazê-lo porque isso significa não ter que fazer para outra pessoa. Empresários, mais do que empreendedores, fazem por dinheiro. Meu pai queria mudar a forma como as pessoas faziam sua contabilidade com sua tecnologia patenteada. Eu? Eu quero pagar a hipoteca, pagar a faculdade dos meus filhos, fazer um cruzeiro uma vez no ano. E ter um pouco de dinheiro na aposentadoria. Se eu fizer mais dinheiro vendendo copos de café do que faço vendendo aplicativos de gerenciamento de relacionamento com o cliente, é exatamente isso que vou fazer. Eu não quero mudar o mundo. Eu não sou um empreendedor. Eu sou um empresário.

E eu sou fazendo o que faço não para mudar o mundo, mas porque é uma forma melhor de viver do que como vivia antes. Por que antes eu trabalhava para uma empresa grande. A vida não era tão ruim, mas eu queria algo diferente. Então, deixei a empresa e comecei meu próprio negócio. Muitas pessoas como eu tomam essa decisão. Eles se formam, conhecem o mundo, trabalham numa empresa grande e depois retornam para a casa e para o pequeno negócio da família. Nós percebemos que não é assim tão ruim ter seu próprio negócio. Eu trabalho por muitas horas. Mas eu tenho mais controle. Eu sou o treinador do time de baseball dos meus filhos e dancei com minha filha de 6 anos no seu recital. Eu posso sair de perto de clientes que não gosto (ou colocar um preço que eles não consigam pagar) e trabalhar com pessoas que gosto. Com exceção à minha esposa, eu não tenho nenhum outro sócio e gosto da autonomia. Meu negócio, como vários outros pequenos negócios, é meu pequeno universo. Isso me agrada também.

Então, na próxima vez que der uma volta na cidade, dê uma olhada em volta. Você notará centenas de lojas, restaurantes, postos de gasolina e várias outras empresas. Eles não são empreendedores. Eles não são pessoas que sonham em mudar o mundo. Eles são pequenos empresários. Como eu. Eles não estão querendo ir a público. Você não nos achará na capa da revista Forbes. Nós nunca seremos famosos. Nós estamos ganhando a vida. E não há nada de errado nisso.

O artigo original, em inglês, você confere nesse link.

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